Olá a todos! Hoje vamos falar um pouco sobre abordagens farmacológicas e não farmacológicas para Promover um Melhor Cuidado. Após obterem mais informações sobre o diagnóstico de demência e os princípios básicos de cuidados, os cuidadores começam a perguntar “Como posso prestar melhores cuidados?” Atualmente, embora não exista um método de tratamento eficaz que elimine completamente os efeitos nocivos da demência, existem muitos medicamentos e outros tratamentos que ajudam a controlar a condição e aliviar alguns dos sintomas. Muitos perguntam: Quais são os principais medicamentos usados ​​para a doença de Alzheimer ou outras demências? Os medicamentos são eficazes? De forma breve, podemos dizer que os medicamentos prescritos para Pessoas com doença de Alzheimer ou outras demências podem ter um impacto positivo em alguns dos sintomas da doença. Estes não curam a doença, mas podem retardar a sua progressão. Os medicamentos mais comuns são o donepezil, galantamina e rivastigmina que partilham do mesmo mecanismo de actuação, apresentando por isso efeitos semelhantes. A memantina também é usada, especialmente em fases moderadas a mais avançadas, tendo um mecanismo de ação diferente das anteriores. Os medicamentos podem ter efeitos colaterais. Nesse caso, os médicos avaliarão os efeitos secundários para cada pessoa de forma individualizada. Caso isto aconteça, deve entrar em contacto com o seu médico o mais breve possível. Se possível, peça o contacto direto, quer seja o número de telefone ou email, para que possa entrar em contacto em caso de necessidade. Para além dos medicamentos que intervem na demência, existem outros que são comumente usados, como os medicamentos para distúrbios do sono que podem ser usados ​​quando existem alterações neste âmbito ou medicamentos psiquiátricos que são frequentemente usados ​​para intervir nos sintomas comportamentais e psicológicos da demência. Mesmo estes medicamentos que não são diretamente relacionados com a Demência devem ser receitados pelo médico que acompanha a Pessoa com Demência. As Pessoas com Demência precisam de suplementos vitamínicos? Se não houver deficiência de vitaminas, não há necessidade de tomar vitaminas extras, uma vez que estes podem ter efeitos colaterais. Em caso de deficiência de vitamina, o médico prescreverá um suplemento para corresponder à necessidade que a pessoa têm. Os medicamentos à base de plantas são eficazes? Existem evidências científicas limitadas para estabelecer a segurança e eficácia da maioria dos produtos e suplementos à base de plantas. Estes podem até interagir com medicamentos prescritos em alguns casos, o que pode levar a efeitos indesejados. Caso queira usar tal medicamento, aconselhe-se com o seu médico. Que medicamentos as Pessoas com demência devem evitar? Os medicamentos para estes tipos de doença são usados de forma crónica. Se a Pessoa com Demência utilizar medicamentos para outros problemas de saúde, deve partilhar essa informação com o médico que a acompanha, pois pode haver uma interação entre os medicamentos. Uma lista de medicamentos pode ser uma maneira útil de manter todas as informações juntas. Esta lista pode servir para registar todos os medicamentos que a pessoa toma, dose do medicamento, quando e como usar cada medicamento. Esta lista ajudará a obter melhores resultados dos medicamentos e ajudará a prevenir efeitos colaterais e interações. Tente manter esta lista sempre atualizada e partilhe com os vários médicos que possam acompanhar a pessoa com demência. E quando a Pessoa com demência não quer tomar o medicamento? É importante que as pessoas compreendam qual o motivo para que tomam os seus medicamentos. Pode ser importante explicar para quê que cada medicamento serve, de forma clara e simples. Se a pessoa se recusar, pode ser importante esperar um pouco, antes de insitir e dar asso a uma maior agitação. Para algumas pessoas, o simples ato de dar para a mão da Pessoa e deixar esta ter a iniciativa de tomar o medicamento pode facilitar a sua toma. Para outras, o facto de se dizer que foi o médico que receitou, focando nos benéficios que podem ter, pode ser outra estratégia para desbloquear a situação. Algumas Pessoas com Demência podem torna-se mais desconfiadas e ansiosas, podendo até acreditar que estamos a tentar envenenar com este medicamento, naquilo que chamamos de delírio ou pensamento irreal. Caso exista dificuldade na toma nos medicamentos, sempre que possível e mediante a consulta com um médico ou farmacêutico, pode esmagar os comprimidos ​​e misturar com um alimento. Tenha atenção com os alimentos escolhidos, pois o alimento e o medicamento podem interfererir um com o outro, impedindo que o medicamento funcione da maneira que deveria. É importante recordar que as interações medicamentosas podem reduzir a resposta da Pessoa com Demência ao tratamento, podendo ter efeitos secundários graves. Considerando que para além da demência, pode haver outras doenças relacionadas com outras condições de saúde, existe a probabilidade de um maior número de medicamentos levando a que seja possível ocorrer interações medicamentosas. Assim, é essencial que a Pessoa com Demência tome os medicamentos receitados, não devendo parar a sua toma sem consultar um médico. As intervenções não farmacológicas baseiam-se em terapêuticas que não usam os medicamentos como principal forma de atuação. Pelo contrário, são tratamentos centrados na pessoa e na sua história de vida com o objetivo de ajudar os indivíduos a manter a sua autonomia, pelo maior tempo possível, priorizando aquilo que conseguem fazer em vez de forçá-los a focar nas suas dificuldades. Espera-se que essas intervenções não medicamentosas ajudem a manter o desempenho cognitivo das pessoas, a sua independência, e contribuam para o seu bem-estar, melhorando a sua qualidade de vida. Estas também podem ajudar ao nível da saúde mental, contribuindo para diminuir a sintomatologia depressiva e ansiosa. As intervenções não farmacológicas também são um auxílio para os cuidadores informais, uma vez que permitem obter apoio especializado e reduzir a sobrecarga de cuidados. Quando a Pessoa com Demência se sente bem, isso reflete-se positivamente nos cuidadores e familiares. Quando são encontrados outros focos de apoio, os cuidadores informais podem sentir-se mais capazes de lidar com as situações mais stressantes, melhorando também a sua qualidade de vida. Quais são as intervenções não farmacológicas existentes? Qual é a melhor para alguém que vive com Demência? Existe uma ampla variedade de abordagens, desde tratamentos psicoterapêuticos nos estágios iniciais até a estimulação sensorial nos estágios mais avançados da doença. Enquanto alguns dos tratamentos não medicamentosos são administrados por especialistas, alguns podem ser usados ​​por familiares ou cuidadores e integrados à vida diária. As intervenções terapêuticas podem ser individualizadas ou em grupo, mas devem sempre ter em conta a individualidade de cada pessoa e serem modificadas de acordo com a evolução ao longo da doença. Estas abordagens atingiem o seu objetivo quando as habilidades pessoais, preferências, necessidades, motivações e a história de vida da própria Pessoa são tidas em consideração. As intervenções pretendem promover as capacidades existentes da Pessoa e proporcionar a oportunidade de uma experiência subjetiva de sucesso. Contudo, a sobrecarga cognitiva deve ser evitada o máximo possível, havendo sensibilidade para o nível de cansaço de cada Pessoa. Ao escolher qual a intervenção mais indicada, deve-se ter em consideração o fato de que a demência afeta muitas áreas. Portanto, um único método pode ter um impacto limitado, sendo importante diversificar. Assim sendo, quais são as intervenções não farmacológicas existentes? Em primeiro lugar, gostaria de falar sobre abordagens psicoterapêuticas. As abordagens psicoterapêuticas comumente usadas na demência são psicoterapia, psicoeducação, grupos de ajuda e exercícios de relaxamento. A psicoterapia pode ajudar as pessoas com demência nos estágios iniciais da doença a lidar com o diagnóstico. A psicoterapia também pode ser eficaz para os membros da família devido ao desgaste emocional e físico do cuidado. A psicoeducação permite que os destinatários recebam informações educativas sobre a própria doença, fatos-chave e informações sobre sinais, sintomas e causas. Estas informações ajudam a pessoa e os seus familiares a compreender melhor o diagnóstico, clarificar os sintomas e lidar com a doença, permitindo que se sintam mais preparados para lidar com esta nova situação. A psicoeducação pode ser individual, familiar ou em grupo. A estimulação cognitiva consiste numa série de atividades regulares, com o apoio de um técnico especializado, com o objetivo de promover a manutenção das capacidades cognitivas da Pessoa com Demência. Através de um conjunto de exercícios especialmente desenhados para estimular a memória, atenção ou o racicínio, por exemplo, pretende-se criar uma sessão estimulante e envolvente, que permita contribuir para o bem-estar da pessoa com demência. Mesmo sendo algo dinamizado por um técnico especializado, pode haver pequenos exercícios que podem ser feitos em casa para ajudar a estimular a própria pessoa, desde palavras cruzadas, sopas de letras ou outros jogos de racicíonio até exercícios mais básicos como o ajudar a emparelhar as meias ou a separar determinados objetos pela sua cor ou tamanho. Pode ser importante pedir o apoio de um técnico para mais ideias que se adaptem à capacidade da Pessoa com Demência. Grupos de ajuda mútua, onde a moderação do grupo é feita entre os pares, ou grupos de Suporte, onde há um técnico a moderar a sessão, funcionam com a permissa que a partilha e o apoio social através do grupo são eficazes na redução do impacto da demência nas vidas dos participantes. Sentimentos de inclusão e de reconhecimento das dificuldades que a Pessoa enfrenta costumam ser alguns dos pontos mais focados pelos participantes. Estes podem ser tanto para a Pessoa com Demência ou para os familaires. Outra abordagem que se tem demonstrado eficaz são os exercícios de relaxamento aplicados a Pessoas com demência. A técnica de relaxamento muscular progressivo de Jacobson, por exemplo, é considerada uma prática útil, uma vez que pode ser aprendida facilmente com orientação profissional e pode ser praticada individualmente (apoiada por familiares ou profissionais de saúde) em casa. Agora gostava de falar sobre outras intervenções não farmacológicas. A terapia de reminiscências é frequentemente usada para apoiar pessoas com Alzheimer e outras formas de demência. Neste tipo de terapia, o foco é dado à a lembrança de atividades passadas, eventos e experiências com outra pessoa ou grupo de pessoas, principalmente de fases mais iniciais da vida de uma Pessoa. É comum focar-se na infância e primeiros anos da idade adulta, pois são muitas vezes, as alturas mais facilmente recordadas pelas Pessoas com Demência. A terapia de reminiscência é realizada geralmente com o auxílio de objetos domésticos ou familiares, roupas antigas, fotografias, músicas do passado ou brinquedos clássicos. O principal objetivo passa pela possibilidade de compartilhar experiências de vida pessoal, memórias e histórias do passado, promovendo um bem-estar da própria pessoa. Esta também pode ser adequado para pessoas com demência numa fase mais avançada, principalmente, se usados os objetos como estímulos sensoriais. A orientação para a realidade é outra abordagem terapêutica. Detalhes sobre tempo, lugar e nomes são espalhados no ambiente ou numa conversação, com o objetivo de facilitar o acesso a dados que possam ajudar a orientar a pessoa para o momento presente. O uso deste tipo de técnicas de orientação para a realidade com pessoas que vivem com demência demonstrou ter um efeito positivo sobre a cognição, sendo mais adequada para pessoas com comprometimento cognitivo leve a moderado. A terapia ocupacional é outra abordagem onde o foco na ocupação e nas atividades do dia-a-dia da Pessoa permitem a promoção do bem-estar. Os terapeutas ocupacionais empenham-se em maximizar o envolvimento nas atividades, criando ambientes seguros, melhorando a competência e a sensação de bem-estar, simplificando tarefas quotidianas para que a Pesssoa mantenha as capacidades existentes pelo maior tempo possível. Outra área de intervenção passa pela linguagem, onde muitas Pessoas com demência podem sentir dificuldades na comunicação com o próximo. É comum que estes problemas relacionados à fala progridam com a evolução da demência, haver dificuldades de deglutição em fases mais avançadas da doença. Um terapeuta da fala pode ajudar com dicas e estratégias, possibilitando que a família e os cuidadores recebem informações sobre como lidar com estas alterações. Fazer exercício físico regularmente é uma parte importante de um estilo de vida saudável e pode ajudar a manter o bem-estar. O exercício físico afeta a plasticidade cerebral, influenciando a cognição e o bem-estar. A atividade física cria oportunidades valiosas para socializar com outras pessoas e pode ajudar a melhorar e manter a autonomia de uma pessoa. Isto é benéfico tanto para as pessoas com demência quanto para os seus cuidadores. Procurar o apoio de um fisioterapeuta ou de um programa estruturado, com uma equipa especializada, pode ajudar neste ponto. Outra abordagem importante é a arteterapia, que é possível através de várias formas diferentes, principalmente, o desenho, pintura e a criação de objetos. A expressão artistica permite que a própria pessoa crie e se exprima através da sua arte, abrindo a porta para o seu bem estar. Juntamente com terapia com o auxilio de música, ou musicoterapia como é normalmente conhecida, estas expressões criativas podem ser incentivadas pelos familiares e amigos na sua própria casa. Quando as alterações associadas à demência começam a impactar a capacidade da pessoa de interagir com o ambiente ao seu redor, podemos adaptar esse mesmo ambiente às suas novas necessidades. A chamada terapia ambiental modifica o ambiente dos espaços em que as pessoas com demência vive, através da própria arquitetura ou do mobiliário. O foco não é apenas na promoção de um ambiente seguro, mas também num ambiente que promovo a autonomia da própria pessoa. Existem as abordagens não famacológicas que podemos usar nos estádios mais avançados da demência? A terapia de validação é uma forma única de terapia que envolve ouvir as pessoas com demência, conectar-se com eles por meio da empatia e fornecer cuidados dignos nos últimos estágios de suas vidas. A terapia de validação gira em torno de comunicar com respeito e apoiar as Pessoas para que se sintam compreendidas e reconhecidas, em vez de rejeitadas. A terapia de validação pode ajudar a acalmar a agitação das Pessoa com demência, uma vez que é baseada no conceito de comunicação empática e no ato de aceitar a realidade de um pessoa com demência, em vez de tentar corrigi-la. Especialmente em fases mais avançadas, as pessoas podem ter uma perceção limitade de si mesmas do seu ambiente. Com a ajuda de abordagens sensoriais, como a terapia de snoezelen, aromaterapia, massagens ou a estimulação de todos os sentidos (tato, audição, visão, paladar, olfato) podemos induzir sensações de bem-estar e promover uma melhor qualdiade de vida. A última questão que pode ser importante de mencionar é o custo destas abordagens não farmacológicas. Existem associações os instituições de soliariedade social que oferecem este tipo de apoio com preços sociais, havendo também oferta privada, através de clínicas ou serviços de apoio domiciliário especializados, por exemplo. Frequentemente, são desenvolvidos projetos comunitários que visam este tipo de intervenção, sendo por isso recomendado que se esteja atento às ofertas do seu conselho de residência. Esperamos que este capítulo tenha sido útil e estas dicas possam ajudá-lo a procurar e obter o apoio de que precisa. Vemo-nos no próximo episódio!